ENCLAUSURADA
Já nem me lembro mais
há quanto tempo estou neste castelo
dentro de uma armadura de aço.
Um dia já fui livre.
Corri por campos de flores.
Banhei-me em águas de chuva.
Ganhei beijos do vento.
Colhi flores nas estradas.
Reguei plantas orvalhadas.
Cantei louvores ao entardecer.
Ao balanço da rede, adormeci.
Com a luz do luar, acordei.
Mas um dia eles vieram.
Em negras vestes e capuzes,
destruíram meu mundo encantado.
Nunca mais fui a mesma.
Dilacerada ficou minh´alma,
Estilhaçaram-se minhas esperanças
Construí este castelo
com pedras de medos e tristezas
e me isolei de tudo que um dia amei.
Sequer me esqueci
da intransponível ponte levadiça
sobre um rio de jacarés famintos.