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DESESPERANÇA



Sem desviar os olhos dela, colocou o ramalhete sobre a mesinha de cabeceira. Não aceitava aquilo, não conseguia entender. Queria vê-la reerguer-se, voltar a sorrir, e odiava aquela entrega absoluta. Já não a reconhecia. Parecia que ela não estava mais ali.

Cruas palavras sairam da boca daquele homem apaixonado, ecoando por todo o universo. Tentava fazer a amada reagir, mas ela sequer ergueu o olhar. Em angústias, clamou por estrondosos trovões, na esperança de fazê-la despertar. 

Naquela mesma tarde, sob a chuva fina, curvou-se sobre o abismo e ofertou-lhe as derradeiras flores.

 
Dorcila Garcia
Enviado por Dorcila Garcia em 03/07/2007
Alterado em 05/08/2017


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